Testemunhos na primeira pessoa
O Santuário de Fátima deve ser exemplo para a Igreja Católica
em Portugal
No próximo dia 1 de maio de 2021,
completam-se 25 anos da peregrinação nacional de acólitos ao Santuário de
Fátima. Este acontecimento que nos últimos anos congregava alguns milhares de
crianças, jovens e adultos que semanalmente servem como acólitos, no ministério
do altar.
A Conferência Episcopal
Portuguesa, na sua 200.ª assembleia plenária, publicou uma nota
pastoral sobre este acontecimento.
Fomos falar com César Vicente,
chefe dos acólitos do Santuário de Fátima, a este propósito. César Vicente, tem
49 anos, atualmente trabalha como vigilante-Sacristão no Santuário de Fátima e
mora em Fátima. É acólito há 41 anos, sempre exerceu este ministério neste
santuário, esta é a sua segunda casa.
Sérgio Carvalho (SC) – O César
é acólito no santuário de Fátima há quantos anos? Como é que se tornou acólito?
César Vicente (CV) – Comecei
como acólito por convite de amigos e curiosidade pessoal, com os meus 8 anos a
servir o Altar neste Santuário. Na altura éramos intitulados de ”meninos do
coro”. Com o passar do tempo e por volta do ano 1982-1983, o Santuário precisava
de jovens para as celebrações Pascais. Assim foi criado e crescendo este grupo
de jovens acólitos.
SC – Este ano completam-se 25
anos desde a primeira peregrinação nacional de acólitos ao santuário de Fátima.
Como é que tudo começou?
CV – Começou por ser uma
iniciativa do chefe de acólitos da altura, Serafim Jesus, já falecido. Um pouco
à “socapa” enviaram cartas convite a vários grupos que na altura conhecíamos.
Palavra passa palavra e chegámos a números muito interessantes, que não esperávamos.
SC – Coube ao grupo de
acólitos do Santuário de Fátima (GASF) o papel de pioneiros e de acolhedores.
Como tem sido essa experiência?
CV – O Santuário é por
natureza um espaço de acolhimento. Também nós assim crescemos sob as orientações
do próprio Santuário. É sempre uma oportunidade para conhecermos novos grupos,
trocar experiências, partilhar conhecimentos, o que é enriquecedor para todos. Sentimos
como é servir o Altar, em união, com uma grande comunidade. Daí reforçamos a
importância de manter esta peregrinação e reunirmos esforços para que esta se
mantenha por muitos e bons anos.
SC – Quais os principais
objetivos, na sua perspetiva, desta peregrinação? E qual a sua importância para
os acólitos portugueses?
CV – Vejo esta
peregrinação como uma oportunidade para cada um destes acólitos redescobrir o
seu caminho de santidade, cada um à sua maneira, sendo original, aceitando o
convite de ser santo. Nestes tempos conturbados em que os condicionalismos são
muitos, acredito que não seja possível a presença física de todos os acólitos
que desejariam peregrinar a Fátima neste dia. Contudo, mesmo que a sua
participação seja de modo digital, desejo que todos olhem o convite de ser
santo. 25 anos de peregrinação é um marco, é momento de dar graças por esta
peregrinação, peregrinação que temos de continuar para envolver jovens no
caminho de Cristo ressuscitado, a exemplo do nosso padroeiro São Francisco
Marto.
SC – Como é servir no
santuário que acolhe o túmulo do padroeiro nacional dos acólitos, São Francisco
Marto?
CV – É uma honra e uma responsabilidade.
O Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima deve ser exemplo para a
Igreja Católica em Portugal e no mundo, com esta consciência, torna-se uma
grande responsabilidade servir o altar do mundo. Temos a presença sempre fiel
de São Francisco Marto, e do seu amor a Nosso Senhor “Jesus escondido” como ele
lhe chamada, que deve ser para nós inspiração e testemunho no exercício deste
Ministério.
SC – Atualmente, quantos são
os acólitos que habitualmente servem no santuário? Como fazem a sua formação?
CV – Atualmente temos 40
acólitos; neste tempo servimos só na missa das 11 horas ao Domingo, Dias Santos
e outras Solenidades equiparadas. Desejamos retomar ao serviço outras
celebrações como fazíamos antes da pandemia. A formação de todos os acólitos,
começa pela vivência no ministério na execução das tarefas em altar, formação
em sala e curso de formação mais detalhada conforme as várias funções.
SC – Que mensagem quer deixar
aos acólitos portugueses, a partir da Cova da Iria?
CV – Acolham o convite que
Nossa Senhora fez, neste lugar, aos Pastorinhos: Quereis oferecer-vos a Deus?
Deixem-se envolver neste desafio, caminhando para a santidade com
originalidade. Saboreiem e vivam bem este ministério, que é belo, o de servir o
Altar do Senhor. Sejam corajosos e empáticos sempre nas vossas diferenças para o
bem comum. Não há limites ou padrões para ser acólito, apenas é preciso coragem
para acreditar e se entregar a Jesus ressuscitado.
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