Bem-aventurados (1)


Maioria da população mundial vive em clima de perseguição religiosa grave ou extrema

Nos finais de abril, a Fundação Pontifício «Ajuda à Igreja que Sofre – AIS» publicou o seu relatório anual sobre a Liberdade Religiosa e a perseguição aos cristãos. A Fundação AIS divulgou que em 196 países abordados no documento em 62 há violação da liberdade religiosa (31,6%). Destes 62, em 36 os cristãos sofrem discriminações (18,6%) e em 26 sofrem mesmo perseguição.



Nesta rubrica «Bem-aventurados», apresentaremos e denunciaremos as perseguições movidas contra os cristãos, que são atualmente a religião mais perseguida no mundo, seja por motivos religiosos (fanatismos islâmicos, budistas, etc) ou por motivações políticas (ditaduras comunistas ou totalitárias). Salientaremos, também, factos e conquistas alcançadas.

Os países com violações significativas situam-se maioritariamente na África e na Ásia, mas a América Latina (Cuba, Nicarágua e Venezuela) também regista muitos casos de discriminação para com os cristãos, frutos dos regimes totalitários aí instalados.

Em África sobe a preocupação, uma vez que 42% dos países viola a liberdade religiosa, ou seja em 23 dos 54 países africanos. Em 12 deles a perseguição é extrema para com os cristãos. O flagelo já não se situa apenas na África saariana, mas alastrou à bacia do Congo e Moçambique.

Dados também revelados mostram que 67% da população mundial – 5.200 milhões – vive em países com graves violações à liberdade religiosa e em 30 países cometeram-se assassínios por causa da fé desde meados de 2018.

Os principais perseguidores são Governos autoritários (43 países) – 2.932 milhões; o Extremismo Islamita (26 países) – 1.252 milhões: e Nacionalismo Ético-religioso (4 países) – 1.642 milhões. Salientamos o facto de alguns destes países estarem em dois destes grupos de perseguidores, ou seja têm mais que uma causa ou motivo para mover a perseguição aos cristãos.

Existem ainda duas notas a registar: o Jihadismo (extremismo islâmico) aspira a converter-se num “califado” transcontinental de África à Indonésia. E, mudar de religião ou abandonar a própria religião implica graves consequências legais e/ou sociais em 21% dos países (42 nações).

 

Atentado contra um jovem bispo recém nomeado para o Sudão do Sul

Após a revelação deste relatório da Liberdade Religiosa, chegou a notícia do atentado contra o bispo eleito da diocese de Rumbek, no Sudão do Sul, tinha sido atacado e alvejado na noite de 25 para 26 de Abril. O Papa Francisco havia nomeado o padre Christian Carlassare, missionário comboniano italiano a trabalhar no país mais recente do mundo (Sudão do Sul).

Bispo, no hospital
Este bispo eleito, é natural de Vicenza, norte da Itália, diocese de Pádua, o padre Christian Carlassare, 43 anos, trabalhou durante os últimos 16 anos no Sul do Sudão. A sua vida missionária gastou-a entre o povo nuer ao longo de 15 anos. A 8 de Março 2021 o papa nomeou-o bispo de Rumbek, onde chegou a 16 de Abril, tendo sido muito bem acolhido pela população. Dez dias depois da sua chegada, este atentado. Importa mencionar que a diocese católica de Rumbek situa-se no Estado de Lakes State, é das zonas mais violentas do Sudão do Sul.

Fomos falar com os missionários Combonianos em Portugal, o P. Joaquim Silva, que nos partilhou esta impressão «há cerca de dois meses, a 8 de Março tínhamo-nos alegrado com esta nomeação, embora sabendo da situação nada fácil que aquela zona do país vive! Exultámos porque papa tinha escolhido um verdadeiro pastor (e nesse domingo, 25 de Abril tínhamos celebrado a festa do Bom Pastor)! O meu regozijo era grande porque o com o padre Christian, além de pertencermos ao mesmo Instituto missionário, temos uma amizade de há 20 anos, vivemos na mesma comunidade durante três anos! Para além da vida quotidiana, partilhamos o serviço pastoral juntos.».

O jovem bispo encontra-se em recuperação, e em mensagem vídeo abençoou o seu povo e perdoou os agressores.

 

Sérgio Carvalho

sergio.carvalho77@gmail.com

Comentários

Mensagens populares deste blogue